Como envolver seus clientes no desenvolvimento do seu produto

Envolver seus clientes no desenvolvimento do seu produto é fundamental para ter sucesso, e nesse artigo você aprende a fazer isso da forma certa!

Joao Vitor Chaves Silva
Empreenda Junto

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desenvolvimento de produto

Converse com seus clientes e envolva eles no seu produto[/caption]

Produtos são feitos para serem usados, e a melhor forma de se criar um produto que faça sentido e consiga ter boa aceitação do mercado, é justamente envolver a pessoa que vai usar esse produto no processo de desenvolvimento.

Essa tarefa não é nada simples, além dos desafios de relacionamento com clientes, ainda envolve armadilhas de vies de analise, ou perda de foco no que realmente importa, mas nesse artigo iremos abordar os principais pontos para envolver seus clientes no desenvolvimento do seu produto ou serviço, e como tirar o melhor disso.

1 Saiba o problema que está resolvendo

Se existe um ponto crucial para o desenvolvimento de bons produtos e serviços, esse ponto é saber o problema que você quer resolver. Por isso, o primeiro passo para o processo de envolvimento dos clientes no desenvolvimento, deve ser justamente a definição clara do problema que está resolvendo, ou o motivo pelo qual seu produto existe ou deve existir.

A pergunta chave aqui é: Por quê seu produto existe? Qual o problema causa da necessidade que ele (seu produto) resolve?

  • Exemplo 1: O blog Better Product, tem como problema causa a falta de bom conteúdo em português sobre o desenvolvimento de produtos.
  • Exemplo 2: O Learn in Drops tem como problema causa o fato de que muitas pessoas possuem problemas para concluir cursos online no modelo atual.

Todo produto existe para resolver um problema, e seu papel é descobrir qual problema é esse, pois ele é o que dá a razão para seu produto existir, e é justamente o que vai te ajudar a encontrar as pessoas que precisam estar envolvidas no desenvolvimento.

2 Descubra quem se importa

Quem realmente se importa com seu produto? Novamente, vamos falar do Better Products:O problema causa dele é a falta de bom conteúdo em português sobre o desenvolvimento de produtos.

Quem se importa com esse problema? Qualquer pessoa responsável pelo processo de desenvolvimento de produtos e serviços.

Assim, qualquer pessoa fora desse escopo, ou seja, pessoas que não são realmente afetadas pelo problema que quero resolver, são pessoas que eu não quero ou devo envolver no processo de desenvolvimento do blog.

No caso do Learn In Drops, o mesmo se repete: Se as pessoas que não querem aprender online, elas não fazem sentido para o produto, e por consequência, não faz sentido envolvê-las no processo de desenvolvimento.

Somente envolva no processo de desenvolvimento do seu produto, as pessoas relevantes para o problema que ele resolve!

De forma resumida: Após o primeiro passo onde você determina o problema que seu produto resolve, ou seja, o motivo dele existir, o segundo passo é encontrar as pessoas que se importam com esse problema, pois são justamente elas quem vão usar o seu produto.

Um fator importante aqui é não confundir o desenvolvimento do produto com o do negócio. Especialmente para produtos B2B. Nem sempre uma pessoa envolvida no processo de decisão de compra do seu produto, será também uma usuária desse produto, assim, por mais que o CEO da Startup seja uma pessoa relevante na hora de considerar o processo de vendas de um software de prototipagem, do ponto de vista do produto final, do ponto de vista do desenvolvimento de produtos, o seu foco deve ser as pessoas que vão usar o software, no caso, muito provavelmente os designers.

3 Entenda as histórias

Uma coisa que aprendi ao longo do tempo sobre user interviews é que raramente perguntar o que as pessoas acham de uma ideia, ou de uma possibilidade, gera bons resultados. Perguntar se as pessoas gostariam de uma funcionalidade X, ou de uma mudança Y na aparência que nunca existiu, normalmente só vai servir para você ouvir o que quer ouvir.

Todo mundo quer um produto que resolva todos os problemas, mas dificilmente o seu será capaz disso!

Por isso, uma abordagem muito melhor na hora de envolver as pessoas no processo do seu produto, é entender a história delas com o problema que você quer resolver, e assim entender como melhorar o seu produto para que ele crie uma nova história, melhor do que a atual.

Vamos voltar ao exemplo do anterior, e supor que você é o responsável pelo desenvolvimento do novo software de prototipagem, e responder os itens 1 e 2 desse artigo:

Qual o problema causa? As soluções atuais para desenvolvimento de protótipos, não são práticas, e não permitem a agilidade que uma startup precisa.
Quem se importa com o problema? Designers de UI/UX de startups.

Então você agora vai para a parte mais difícil, conversar com os seus usuários, para isso você marca uma reunião com Marcella Dias, designer da startup FireZone, que está criando um novo app para indicar as festas mais badaladas da cidade.

Conversando com a Marcella, seu objetivo é descobrir como ela lida com o problema hoje, e a história dela com as soluções que ela já usou, alguns exemplos de boas perguntas para serem feitas são:

  • Que software você usou para desenvolver o protótipo atual?
  • O resultado ficou dentro do que você esperava?
  • O que mais gostou no processo?
  • Quais os problemas você enfrentou?
  • Como você fez para contornar esses problemas?

Faça perguntas que façam com que seus clientes contem sobre experiências reais.

Se você perceber os padrões, todas as perguntas se focam em eventos passados, isso é importante para garantir que você vai conseguir respostas baseadas em experiências reais, e não em achismo.

É muito mais fácil e confiável, ouvir os problemas em se usar o photoshop de alguém que já usou a ferramenta, do que perguntar para alguém que nunca usou quais os problemas que a pessoa acha que teria.

4 Evite “amigos”

Via de regra é sempre interessante que você evite pedir opinião e feedbacks de pessoas próximas a você na hora de desenvolver novos produtos. Parentes, amigos próximos, pessoas que trabalham diretamente com você. O fato é que enquanto humanos, não gostamos de magoar as pessoas próximas, e algumas vezes o feedback honesto que precisamos para nossos produtos, pode ser bastante doloroso de ser ouvido.

Normalmente sua mãe nunca faria algo para te magoar, e é por isso que ela é uma péssima pessoa para pedir feedbacks.

Caso seja impossível evitar o pedido de feedbacks para pessoas próximas, sempre trate esses feedbacks com o máximo de ceticismo possível. Diminua o valor de elogios, e amplie os da críticas, assim você tem menos chances de se deixar afetar pelo “viés do amigo”.

Caso seus amigos façam parte do seu público alvo, eles ainda podem ser úteis recomendado outras pessoas para que você conduza entrevistas.

5 Tente destruir seu produto

É bastante comum que ao conversar com potenciais (e reais) clientes durante o processo de desenvolvimento e melhoria dos seus produtos, os empreendedores e chefes de desenvolvimento assumam uma postura na qual eles tentam destruir os próprios produtos.

Isso significa que eles fazem de tudo para encontrarem todas as falhas possíveis em seus planos. Essa postura apesar de ser bastante difícil de ser adotada (afinal, você provavelmente ama o seu produto e quer ver ele ser lançado), vai te ajudar a encontrar suas fraquezas, ao atacar todos os pontos possíveis e ver quais se sustentam, e quais deles desmoronam, mostrando espaços para melhorias.

Assim, quando estiver conduzindo as user interviews, é interessante fazer perguntas que você espera que tenham respostas negativas para o seu projeto, a confirmação delas é muitas vezes mais importante, do que as respostas positivas.

6 Pare de tempos em tempos

De tempos em tempos é importante dar uma pausa nas user interviews e testes com seus clientes e usuários e se focar em analisar o que você aprendeu com isso. Após concluir as analises, tome decisões de melhorias e mudanças em sua estratégia de produto, crie algo e novo e repita o processo.

O importante aqui é garantir que você vai efetivamente colocar em prática aquilo que aprendeu, e não somente ficar andando em círculos sem efetivamente transformar o tempo com seus clientes, em resultados para o seu produto e consequentemente negócios.

7 Aprenda a ignorar pedidos que não fazem sentido

O papel do seu cliente não é falar o que ele quer que você faça, ou como você deve criar o seu produto, mas sim, explicar quais são suas dores e necessidades. Dessa forma, cabe a você encontrar a melhor forma de construir o seu produto, de modo que você resolva essas dores e atenda as necessidades demonstradas.

É importante aprender a ignorar pedidos de clientes quando eles não fazem sentido para o produto de uma forma geral.

Não importa o quão perfeito seja o seu produto, é muito provável cada cliente tenha algum pedido especifico que tornaria o seu produto ainda melhor, para ele, mas que não mudaria (ou talvez até pioraria) para os demais. Esse é um dos motivos que torna necessário que você crie um filtro e aprenda a ignorar as dezenas de pedidos de funcionalidades e mudanças que vai receber dos seus clientes, quando começar a colocar eles no meio do processo de desenvolvimento do seu produto.

O pessoal da OneSignal que criou softwares como o FireBase, BaseCamp e HighShire, possui um método que eu particularmente considero bastante simples e eficaz! Eles simplesmente não anotam novos pedidos de clientes quando falamos de funcionalidades.

O pessoal da OneSignal escreveu o livro “Rework”, em português: Reinvente sua empresa, leitura muito bem recomendada para empreendedores.

Toda vez que um cliente pede uma nova funcionalidade, seja por email, carta, suporte, ou numa conversa pessoal, eles respondem de forma educada, conversam e escutam, e depois “jogam aquilo fora”, nada de reuniões para discutir, enviar um email para os membros do time, colocar numa to-do list. Eles somente cogitam implementar uma nova funcionalidade pedida por clientes, quando aquele pedido se torna tão frequente, e vem de tantos clientes, que eles não precisam mais ter aquilo anotado para saber que as pessoas querem.

Não faz sentido atender cada pedido de cada cliente para o seu produto, mas quando “todo mundo” pede algo, é um sinal de que talvez seja uma boa ideia implementar aquela funcionalidade.

Recapitulando e conclusões

Ao longo desse artigo abordamos algumas formas de garantir que você envolva as pessoas certas no desenvolvimento do seu produto, e saiba como tirar o máximo proveito desse envolvimento.

Mas aqui vai uma recapitulação:

Anote esses pontos e lembre-se deles sempre que for envolver seus clientes no processo de desenvolvimento do seu produto.

  1. Antes de tudo, determine o problema que você quer resolver
  2. Foque-se nas pessoas que se importam com o problema
  3. Histórias de como as pessoas lidaram com o problema, são mais relevantes do que saber como elas poderiam lidar em situações hipotéticas
  4. Amigos e pessoas próximas são péssimas fontes de feedback
  5. Tentar destruir o seu produto vai te ensinar muito
  6. É importante aplicar o que você aprendeu ao envolver seus clientes
  7. Você deve filtrar as demandas por mudanças e funcionalidades que seus clientes fazem

Como falei no começo do artigo, envolver seus clientes no desenvolvimento do produto é ao mesmo tempo, importante e desafiador, muito provavelmente as primeiras vezes em que fizer isso você não vai ter bons resultados, talvez seja um completo desastre, mas como tudo, com o tempo e prática, você se torna cada vez melhor no processo, conseguindo resultados melhores a cada dia, e consequentemente, criando produtos cada vez melhores.

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Founder @empreendajunto| Empreendedor apaixonado por inovação. | COO/Partner Gestão 4.0