O momento em que você precisa de um choque de realidade
Reflexões sobre como as vezes precisamos olhar para trás para vermos que saímos do caminho que queríamos seguir e retomar a fazer o que importa.
Dediquei-me muito ao empreendedorismo nos últimos 05 anos. Sempre estudando e aplicando os conceitos e a experiência no meu dia-a-dia para tentar construir um negócio realmente significativo.
Nesse período, abri mão de muita coisa, mas fui bastante recompensado: fiz amigos, parceiros de trabalho, conheci meus sócios, estudei no MIT, onde me formei como professor em empreendedorismo no Global Entrepreneurship Bootcamp, além de ter iniciado o Empreenda Junto e o Empreenda Academy. Contudo, outras coisas também passaram a pesar com o passar do tempo.
A rotina de empreender e tentar criar um negócio é mais difícil do que parece. Minha inabilidade de ter construído algo que gerasse receita me forçava a fazer bicos esporádicos para não depender totalmente dos meus pais, uma vez que tinha largado meu emprego para seguir meu sonho.
Esses bicos, com o tempo, não eram mais o bastante, logo comecei a me desviar dos meus projetos como empreendedor.
Mas eu tenho sócios! Pessoas que confiaram em mim e me deram dinheiro em troca de uma parte dos projetos que prometi construir.
Tudo bem. Sei que não foram milhões de dólares, mas, ainda assim, mesmo que somente um real, eu ainda tinha — e tenho — uma responsabilidade para com eles.
Escrevo esse texto hoje justamente por me dar conta disso.
Não estou pedindo desculpas, mas o compartilhamento de algo que pode acontecer com você a qualquer momento: Às vezes precisamos de um choque de realidade.
O desânimo vai bater forte, seu foco estará em outras coisas, seus projetos estarão meio de lado, e, em momentos assim, precisará de um tapa de luva.
A cobrança de resultados é propícia para o momento, já que te forçará a reavaliar tudo o que está — e não deve –tirar seu foco. Para que honrar os seus compromissos, dentro das suas possibilidades, você possa.
Estude suas prioridades
O ato de rever minhas prioridades é uma das coisas que me dei conta de que preciso –e vou — fazer.
Tenho dois projetos que julgo terem um altíssimo potencial. E que infelizmente não estavam sendo desenvolvidos na velocidade ideal. A parte ruim começa quando você descobre que são projetos que, de forma direta ou indireta, envolvem o dinheiro e a expectativa de outras pessoas.
Tenho um emprego que aceitei ao me mudar para São Paulo. Algo que eu fiz justamente para aumentar as chances de sucesso dos negócios que quero construir, mas que, por culpa minha e da minha falta de planejamento, acabou não saindo como o esperado.
Mesmo assim eu estava pensando em começar a jogar Overwatch para relaxar.
Ao parar e pensar na situação como um todo, percebi que estava errando nas minhas prioridades.
Sacrifícios
Disse, certa vez: A grandiosidade possuiu um preço que é pago com muito sacrifício e dedicação.
A grandiosidade possuiu um preço que é pago com muito sacrifício e dedicação.
O choque de realidade me fez ver que eu não estava pagando o preço. Eu quero atingir um objetivo, mas não estou trabalhando para isso. O resultado? Não há avanços com direção aos meus objetivos.
O assumir dos erros é um bom primeiro passo para corrigir isso, e, por consequência, todas as dificuldades atreladas a eles.
Dormir um pouco mais tarde, acordar um pouco mais cedo e encontrar algumas horas no dia para poder me dedicar aos projetos importantes é algo que não pode ser deixado de lado. Tenho um trabalho hoje que toma boa parte do meu tempo, mas isso não é uma desculpa para não avançar com os meus projetos.
Como o Flavio Augusto costuma dizer: Se falta de tempo fosse desculpa, somente os desocupados teriam sucesso.
Disciplina e foco
Um dos pontos mais importantes do curso que fiz no MIT foi disciplina.
A ideia de ser um pirata que quebra as regras e padrões pré-estabelecidos, e, ao mesmo tempo, ser um marine que assume a disciplina para si é algo colocado na cabeça de todos os alunos como um mantra fundamental.
Porém, ter me tornado uma das pessoas mais jovens a conseguir participar do curso e me formar como professor no programa foi completamente inútil na hora de me impedir de não seguir o que aprendi.
Qualificações acadêmicas não significam nada caso você não as coloque em prática. O ditado em casa de ferreiro o espeto é de pau quase que me personificou.
Síndrome do impostor
Existe um fenômeno engraçado e assustador do qual quase me tornei vítima no meio dessa história toda. Talvez eu tenha me tornado e não percebi.
Trata-se da síndrome do impostor. Ela acontece quando um empreendedor começa a duvidar das suas capacidades, se sentir desmotivado e, com isso, produzir menos ao tentar atingir seus objetivos, encontrar mais dificuldades, ou levar mais tempo do que o esperado.
Não vou me colocar no status de vitima, afinal, errei e, revendo meus passos, pude ver que simplesmente não houve esforço o bastante nos últimos tempos, mas é sempre interessante pensar nas causas.
Por que não me esforcei como deveria? Por que não me dediquei tanto?
É impossível não pensar em alguns problemas que tive e, talvez, tenham afetado mais do que inicialmente pensei. Um efeito cascata me trouxe ao ponto em que estou hoje. Percebo que preciso revisar tudo que estou fazendo para voltar ao caminho que quero trilhar.
Fica, então, uma sugestão de reflexão: Muitas vezes ignoramos os pequenos problemas e nos focamos nos grandes, mas uma sucessão de pequenos contratempos, falhas, erros e desânimos pode se acumular exponencialmente de uma forma que você só percebe quando é quase que tarde demais.
Tudo de cada vez
O momento atual me fez refletir sobre a necessidade de colocar em prática algo sobre o qual eu já tratei várias vezes: A necessidade de ser capaz de fazer tudo, mas uma coisa de cada vez.
Eu não consigo cuidar das tarefas do meu novo emprego enquanto desenvolvo meus próprios projetos, mas posso, sim, fazer os dois ao longo do mesmo dia, onde me dedico integralmente a cada um durante certos espaços de tempo. Preciso ser capaz de alinhar minhas necessidades e anseios pessoais com as expectativas e as responsabilidades que assumi com outras pessoas.
Por fim, o resumo da ópera diz que eu e você precisamos ser capazes de fazer tudo. Quer saber? Nós somos! Basta fazer uma coisa de cada vez!
